Fiquei muito triste quando ele acabou e era um período muito desafiador pra Bianca se ver de novo no Brasil, tendo mudado muito, criado uma rotina, laços e simplesmente os deixando pra trás.
Porque pra cá, eu sempre soube que iria voltar.
Achei que essas fases de adaptação, grandes choques, confrontos comigo mesma, tinham acabado quando voltei e que seriam bem menos intensas.
Agora. Olhando pra trás e vendo tudo o que percorri desde o dia 10 de fevereiro de 2010 percebi que eu continuo me colocando em cheque-mate comigo mesma, quase todos os dias. Percebo que pra mim, grandes desafios não é só o de sair do conforto da sua casa e ir morar com completos estranhos sem falar a língua com 15 anos. Mas é sim, você achar um jeito de viver de uma forma desafiadora a sua zona de conforto todos os dias na sua rotina real.
É pensar sempre naquilo que te assusta, naquele momento da sua vida que você não gosta, naquilo que errou e queria poder mudar, sentar chorar que nem uma criança sem os pais, assumir aquele segredo que você mais esconde de si e que pra todo mundo está estampado na sua testa, é ter coragem. Porque o que aprendi depois desses quase três anos aqui é que ter coragem não é só pegar um avião e dar tchau pra todo mundo. Não é só pular de paraquedas. Não é só andar a noite pelas ruas mais perigosas. Não é só fazer tatuagens.
Ter coragem pode ser algo muito mais sútil e graças a isso tomar proporções gigantes nas nossas vidas. É tentar, assumir o erro, é pensar no outro mesmo quando o outro quer te fazer mal, é se olhar no espelho e tirar a máscara que usa o tempo todo e se encontrar com sua essência. Aceitar essa essência, mesmo que ela não seja como a mídia, amigos, família te digam que deve ser.
Residente em Curitiba há 2 anos e 8 meses e minha vida me coloca em uma situação de intercâmbio novamente. E eu? Como boa intercâmbista vou seguir as regras que o programa me colocar, só que dessa vez o programa é a vida.