quinta-feira, 4 de julho de 2013

Férias de verdade

     2013, caloura de Engenharia Química: eis uma pessoa que passou 2013 inteiro estudando, sem ter férias, ou melhor, até tinha, mas serviram apenas de descanso mental, porque o físico era difícil por sempre ajudar minha mãe na cozinha, fazendo doces. Meu principal objetivo do ano, de passar na UFPR não vingou, mas consegui bolsa integral em uma das universidades particulares mais renomadas do país. Satisfeita, resolvi estudar de noite e virei uma coruja. 
     Estamos em pleno inverno curitibano em julho. Passei em todas as matérias direto (uhul!) e estou de férias por três semanas, muito visadas durante o semestre. Agora sim, estou tendo férias de verdade: durmo tarde - pois fico lendo livros -, acordo relativamente cedo/tarde para ajudar mamãe e tenho a tarde livre, para me dedicar aos estudos de música, realizar trabalhos no computador, enfim, normalmente o que qualquer jovem faria em seu tempo livre. 
     Nessas leituras, li dois livros muito bons de Sidney Sheldon: "Nada dura para sempre" e "Se houver amanhã". Lendo o segundo, senti-me na adrenalina junto com a vilã, com muita raiva do policial que a vigiava constantemente. Também relacionei a obra com a escola naturalista, no que tange ao comportamento do homem ser moldado pelo meio inserido, perfeitamente aplicado no contexto ficcional.
     Agora, ao invés de partir para o lado policial, com Agatha Christie, resolvi ler George Orwell, "A Revolução dos Bichos". Bichos que falam e se organizam? Obviamente, não. Mas é uma representação muito inteligente de todo o mal que o ser humano é capaz de realizar. Acredito que pode se relacionar a soberania estatal como o Sr Jones e os animais da fazenda o povo. Só lendo o livro para descobrir.
     Com o tempo de sobra e curtindo tudo que há de bom cultural e mentalmente, as férias de verdade já conta com seu fim, de novo. Contudo, de nada valeria se eu não corresse o semestre todo.
     
Boas férias aos que estão e para o que estarão, em dois meses!

domingo, 7 de abril de 2013

Escuta aqui!

O mal da humanidade, a razão para conflitos, praticamente um estudo sobre a sociedade. Tudo se resolveria com duas palavras: saber ouvir.
Desde sempre as pessoas tem esse pequeno problema, não sabem (às vezes nem querem) ouvir.
Guerras são declaradas, alianças políticas quebradas, amizades desfeitas, casamentos quebrados, filhos saudáveis morrem antes dos pais, cidades ficam violentas demais. Da escala global até as relações familiares mais básicas, tudo é colocado em risco porque todos querem falar, mas nem todos se dispõe a ouvir.
Querem exemplos? Bem isso é fácil:
Um casal. A mulher quer dar seu ponto de vista sobre a criação do filho, o marido tem opiniões diferentes, "Não concordo com o que ela pensa, pra quê ouvir?" E ao invés de prestar atenção na esposa ele vai fazer outra coisa, ou então prefere gritar suas próprias opiniões por cima da voz da mulher. Resultado: ninguém se entende. Depois a sociedade ainda se pergunta porquê tem tantos casais se separando.
Dois amigos. Um só quer falar de seus problemas e, quando o outro precisa de ajuda, subitamente os problemas são chatos e desinteressantes, é muito melhor falar de si mesmo.
Pessoas vivendo em condições sub-humanas, pedindo que o governo lhes dê o básico. lhes dê educação e uma oportunidade de emprego. Mas para quê escutá-los? Melhor mesmo e guardar para si o dinheiro do que dar para eles.
Talvez, se pararmos para analisar bem, o "não saber ouvir"seja apenas consequência do egoísmo que caiu sobre a sociedade nos últimos anos. É um tal de defender o seu direito de se expressar e defender a própria opinião de uma maneira que tentar entender a opinião do outro não chega a ser nem cogitado. Simples; se vocês dois não concordam com a mesma coisa, então se um tentar mostrar os seus motivos ele não respeita a opinião do outro.
Sinceramente? Isso é não saber ouvir.
Tenho uma amiga cujas convicções religiosas e de vida são muito diferentes da minha. Nunca, e eu digo nunca mesmo, quando ela fala sobre o que acredita e a ignorei, nem mesmo daquele jeito que você olha para a pessoa e seu pensamento está em outro lugar. E ela também, quando eu lhe falo das minhas convicções, me escuta com toda a atenção.
O saber ouvir é recíproco. Se você quer expor suas opiniões para os outros é sua obrigação ouvir o que eles têm a dizer, e não só os que concordam com você,  deve-se ouvir todos os que quiserem se manifestar.
Isso é uma verdade tão grande que chega a ser um clichê. Somente quando duas partes conseguem se ouvir é que nasce o respeito e a tolerância, virtudes as quais o mundo está e sempre esteve muito carente.

segunda-feira, 18 de março de 2013

The Wedding Dress - A ameaça de um retorno.

Como a maioria de vocês sabem , há dois anos atrás eu e minha mãe participamos de uma saga para retornar de Nova York. (A história completa está publicada aqui na A.J.C, com o título "The Wedding Dress", é longa mais vale a pena lê-la antes de continuar com essa aqui). Esse ano, há dois dias atrás, a saga ameaçou se repetir, dessa vez em Londres...

A mãe e a filha ousaram viajar novamente, mesmo tendo claramente na memória as lembranças do sufoco de sua última tentativa. A viagem em si correra bem. Graças a um aplicativo de notícias no celular ambas souberam com antecedência que os trens Eurostar estavam parados devido a um frio absurdo para o mês de março e escaparam do que poderia ter sido um desastre em meio a muita neve.

Mas ainda havia um último desafio: voltar para casa. Nada poderia dar errado dessa vez. Elas chegaram ao aeroporto com quatro horas de antecedência e tiveram tempo de sobra para se organizar. Foram ao free shop, à livraria, ao restaurante e, por fim já cansadas, sentaram-se no saguão central do aeroporto e ficaram a olhar a tela que informava os horários de voos e o tempo de deslocamento até os seus respectivos portões.

"Nada pode dar errado agora." pensou a filha. "O voo está confirmado, nós estamos prontas para embarcar... O pior que poderia acontecer é eles avisarem de última hora que o nosso portão é o 79 - 90 e nós termos que andar meia hora pra chegar até eles. Mas nããão... Não vai acontecer, bora pensar positi..."

-Filha... Filha... Essa não! Olha lá! Olha lá!

E eis que vindo na direção delas, uma moça alta, loura, acompanhada por um rapaz solícito. O braço da moça erguido sobre a cabeça... Nos dedos o cabide de metal e, pendurado nele, o protetor de vestido branco. O vestido de noiva retornara.

-Não! Não! Outra vez não! Por favor! - exclamou a filha. - Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar! Não pode!

-Por favor, que eles não estejam no nosso voo, por favor!

-Ela não tem cara de brasileira, deve estar indo para...

Uma rápida consulta informa à filha os próximos voos: os cinco países asiáticos, quatro árabes, Lisboa, São Paulo, Rio de Janeiro...

"Não! Por favor não! Tem que ter algum país no norte da Europa!"

A salvação: um único voo para Frankfurt.

-...Frankfurt! Olha a cara de alemã dela.

-Isso! - responde a mãe. - Tem que ser isso!

Os auto falantes chamam os passageiros do voo Tam com destino a São Paulo para se dirigirem aos portões de embarque. Era chegada a hora da verdade.

Mãe e filha se levantam. A noiva as acompanha. O medo cresce. A noiva olha duas cadeiras vazias no saguão central e as indica para o noivo. Ambos se sentam. O vestido repousando no colo de ambos.

As brasileiras respiram aliviadas. A ameaça passou.

Moral da história: Nunca, mas NUNCA mesmo, diga que nada pode dar errado até que a situação tenha terminado de fato.