domingo, 5 de agosto de 2012

Marzipã

Existem prazeres simples na vida. Coisas que tocam o coração de cada pessoa, coisas que nos fazem sentir únicos. Essas coisas nos trazem à tona lembranças das mais variadas, lembranças que marcaram nossa vida de alguma maneira.
Para mim, assim é o Marzipã.
Meu primeiro contato não foi com o doce propriamente dito, mas com o nome. Eu tinha 12 anos e lia avidamente o terceiro livro da saga Fronteiras do Universo, de Philip Pullman. Já pro final do volume havia um capítulo cujo título era esse; Marzipã. Eu não sabia o que significava tal palavra e, como tudo o que nos E desconhecido, o nome me inspirou mil fantasias, até que resolvi perguntar a minha mãe o que era. Ela me respondeu: é um doce. E, ocupada, voltou a seus afazeres. Fiquei a me indagar que tipo de doce seria e resolvi ler o livro mais um pouco, pra ver se aparecia alguma coisa. O que acabei encontrando foi muito melhor.
Não! Não vou contar o que foi! Estragaria toda a história. Se ficou curioso vá ler o livro. Mas se eu não relatasse como me senti após ler esse texto perderia seu propósito. O autor conduziu a narrativa com uma beleza tão grande, que me tocou num lugar que ainda não conhecia e desde então, muito parecido com o próprio acontecimento do livro, um novo mundo se abriu pra mim.
Fiquei com vontade de experimentar o dito doce. Foi difícil encontrá-lo puro, sem chocolate, bala ou qualquer outra coisa misturada, mas enfim consegui!
O gosto? Bem, quanto a isso devo admitir que não é o melhor doce do mundo, mas não é isso que importa. Quando pela primeira vez abri a embalagem dourada com a palavra Marzipã escrita em letras vermelhas e mrdi o primeiro pedaço, foi como se todas as coisas que eu mais gostasse no mundo, todas as pessoas, as ocasiões, as sensações, os sentimentos, tudo, estivessem naquele único doce.
É uma sensação difícil de descrever, mas acredito que sabem do que eu estou falando. Pode não ser um doce, pode ser um livro, um lugar, ou até um conjunto de coisas, mas acho que todos possuímos um "bode expiatório" para trazer à tona nossos sentimentos mais agradáveis.
Desde então, comer Marzipã se tornou um ritual pra mim. Obedeço fielmente cada uma das etapas: 1. encontrar o doce puro, 2. esperar o momento certo, 3. dar uma ou duas mordidas no máximo, 4. lembrar de tudo aquilo que me faz sentir bem, 5. embrulhar o que sobrou e esperar o momento certo pra começar tudo de novo.
Ache o que quiser, mas para mim, o Marzipã é um dos raros momentos em que, na correria da vida, encontro comigo mesma e relembro quem sou.                  


  

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